Jojo e MC Loma provam que grana do sertanejo não pode comprar tudo


O Carnaval de 2018 teve dois sucessos unânimes e inconstestáveis: Que Tiro Foi Esse, de Jojo Toddynho, e Envolvimento, de MC Loma, que conseguiu emplacar uma música na festa aos 45 do segundo tempo e sem nenhum grande investimento por trás.


Dentro do mercado, o sucesso desses dois singles é um incômodo, principalmente entre os escritórios de axé e música sertaneja. Afinal de contas, existe toda uma programação desses dois segmentos para criar prováveis hits de verão. E isso não é barato, já que existem custos de produção e divulgação envolvidos.
Mas nem sempre o dinheiro garante o retorno imaginado. MC Loma se tornou um hit depois que o YouTuber Felipe Neto reagiu a um clipe caseiro e barato que a cantora pernambucana de 15 anos lançou em janeiro. Em quatro semanas, ela foi de uma ilustre desconhecida para o posto de estrela viral brasileira.
O sucesso logo despertou o interesse do empresário Kondzilla, que relançou Envolvimento com um clipe onde a adolescente toma um verdadeiro banho de loja e supera a tosquice divertida da versão original.
Já Jojo, apareceu e aconteceu antes de Loma e já contava com uma certa estrutura e contatos na mídia quando gravou Que Tiro Foi Esse. Assim como Pabllo Vittar, ela foi “lançada” e ajudada por Anitta, cujo empurrão e o toque de Midas tem feito muitas carreiras sair do anonimato e ganhar guarida em gravadoras e grandes escritórios.
Mesmo assim, nenhuma das duas sequer pode ser comparada a Wesley Safadão e Leo Santana, só para ficar em um exemplo fácil. Os dois, que lançaram a música Psiquiatra de Bumbum como uma aposta de Carnaval que uniria o axé e o sertanejo, perceberam que a força dos virais de internet às vezes vale mais do que o caminhão de grana e influência que existe por trás de certos redutos.
E não adianta lamentar ou criticar as letras de funk. Elas não são muito diferentes das do sertanejo atual, que talvez viva o seu momento menos criativo em anos. E o funk ainda tem uma vantagem: seus cantores se levam bem menos a sério do que o sertanejo, roqueiro, pagodeiro ou cantor de axé.
Safadão e Leo: música em conjunto não foi o sucesso esperado
                         Safadão e Leo: música em conjunto não foi o sucesso esperado
Safadão e Leo: música em conjunto não foi o sucesso esperado Divulgação
Enquanto Loma sabe tirar onda com a própria cara aos 15 anos, Pabllo ignora completamente as críticas à sua voz e Jojo vai driblando os ataques sobre sua aparência. Por outro lado, não faltam textos recalcados, críticas, memes e indiretas sobre os hits de Carnaval que surgem quase sempre daquelas mesmas fontes que se posicionam como bastiões da moralidade na música pop.

Nunca muda: as pessoas sempre se incomodam quando perdem parte do poder para ditar o que outros vão ou não ouvir. O arbítrio de decisão sobre isso está cada vez mais descentralizado por causa das redes sociais e isso só tende a ser ampliado. Ouvintes jovens não querem ter a posição passiva de só consumir o que a rádio ou TV oferecem.
Há novos meios de produção sendo empoderados na indústria musical brasileira e isso vai causar uma concorrência forte nos próximos anos. Claro que o sertanejo está e ainda estará em vantagem por muito tempo, já que a máquina financeira por trás é gigante. Mas ter alternativas que diminuam um pouco a dominação do estilo e ao mesmo tempo funcionem para renovar a música pop nacional vindo de fontes inesperadas, é no mínimo importante para acabar com a monocultura dos últimos anos.

fonte:r7

Comentários

أحدث أقدم