FIG 2018 foi espaço de resistência cultural e luta pela liberdade

Foto: Felipe Souto Maior

O FIG se despede sob os versos da música Pense N’eu, do Mestre Dominguinhos, entoado por Juliano Holanda e artistas pernambucanos. Ainda ecoam os versos: “eu tô feliz, pois apesar do sofrimento vejo um mundo de alegria bem na raiz/ Vamos lá! Alegria, muita fé e esperança/ Na alegria pra fazer tudo melhor/ E será!  Felicidade o teu nome é união/ E povo unido é beleza mais maior”
 Um Viva à Liberdade! Nunca um tema do Festival de Inverno de Garanhuns ecoou tanto, atingiu e mobilizou tantas pessoas, entre público e artistas, como nesta 28ª edição. O FIG 2018 chega ao fim neste sábado (28) lembrando ao povo brasileiro sobre a importância da luta constante pela liberdade de expressão artística, religiosa, política, sexual e de pensamento, como caminho para construirmos uma sociedade tolerante, solidária e desenvolvida.
Esta edição do FIG termina confirmando sua grandiosidade artística e consolidando-se como o maior evento de artes do País no formato que garante programação de todas as linguagens durante os dez dias, todos os dias. Um evento poderoso, que impulsiona a economia local e regional ao movimentar o comércio de bens e serviços como os da rede hoteleira, superlotada ao longo de todo o Festival. 
"O FIG se afirma como um grande espaço de confraternização, alegria e prazer genuíno entre as pessoas, como um caldeirão gigante que reflete a diversidade da cultura e da alma do povo brasileiro, marca maior do Festival", comemora o Secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja. "Mesmo diante de uma situação econômica e política difícil, o Governo do Estado garantiu, com o mesmo investimento de 2017, uma edição maior em termos de público e programação", continua o secretário, destacando que o FIG "venceu o ambiente político que pressiona a sociedade brasileira para o sectarismo e a intolerância, consagrando o Festival como um espaço de luta pela liberdade e pela expressão das mais diversas visões de mundo que conviveram nas ruas, praças, parques e ambientes públicos e privados em paz, alegria e segurança".
Marca maior do FIG, a programação diversa propicia múltiplas vivências e avaliações. Muitos só curtiram o Palco Instrumental, outros, os espetáculos teatrais no Souto Dourado, por exemplo. Teve a beleza da Catedral, a mistura do Palco Pop e do Forró, tudo se concentrando na Praça Mestre Dominguinhos, comenta Marcelino, reforçando a grandiosidade do FIG. Finalizando o balanço que faz desta edição, Marcelino Granja destaca que "o Festival se afirma como uma necessidade da política cultural do Estado e que esta 20ª edição venceu as pressões que marcam o atual momento do país, o oportunismo político eleitoral de forças opositoras ao FIG e não refletiu apenas uma visão de mundo, pelo contrário, reafirmou-se gigante em sua diversidade e garantiu a livre expressão de artistas e também do público em todos os polos".
Ao longo dos dez dias de programação, milhares de pessoas viveram um intenso mergulho no que há de mais rico, diverso e urgente em todas as linguagens artísticas. "Fizemos um edição que vai entrar para a história do Festival como aquela em que os temas da tolerância, da democracia e do respeito à diversidade ganharam mais destaque. Vimos isso em todos os polos, em momentos marcantes como o show histórico de Nação Zumbi e Emicida; a Mesa de Glosas com poetisas e a apresentação do grupo Transborda na Praça da Palavra; a performance do grupo Hip Hop Mulher no Som na Rural e o desabafo emocionado do rapper Tiely Queen, em plena praça Mestre Dominguinhos; e tantas outras ações que evidenciaram o espaço largo que o FIG abriu para a promoção da liberdade artística e da diversidade do povo brasileiro", celebra Márcia Souto, presidente da Fundarpe.
Ressaltando o grande público em todos os polos e a alegria que se viu pelas ruas, praças e parques de Garanhuns, Márcia define o Festival como "um espaço plural, participativo, de resistência cultural e promotor de encontros que enriquecem todos os fazeres artísticos, um evento que precisa acontecer sempre e ser cada vez mais defendido por todos que acreditam na arte e na cultura como promotores do desenvolvimento humano e de transformação social". Entre os destaques da programação, também estiveram presentes todas as  expressões da nossa cultura popular e ainda de 10 mestres e grupos considerados Patrimônios Vivos de Pernambuco: Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, Gonzaga de Garanhuns, Maestros Duda e Ademir Araújo, a Sociedade Bacamarteiros do Cabo, a Banda Curica, Índia Morena, Caboclinho 7 Flexas e o Homem da Meia Noite.
Além das ações de formação cultural, que alcançaram 292 pessoas todas as idades, e das edições do projeto Outras Palavras, que levaram artistas da música como Silvério Pessoa, Maestro Forró e Quinteto Violado para escolas do Agreste, o coordenador executivo e artístico do FIG, André Brasileiro, destaca ainda a realização da Plataforma FIG 2018. "Foi um encontro muito rico, que reuniu dezenas de músicos e produtores culturais do Estado com curadores, distribuidores e jornalistas especializados do País, em momentos de troca de informações sobre o mercado da música, as políticas públicas para o setor e novas tendências nesta área", comemora André.
SHOWS

Bom indicador do volume de pessoas que frequentaram os polos de música do FIG, a Praça Mestre Dominguinhos recebeu um público imenso durante todos os dias de shows. Confira o número de pessoas que compareceram ao polo, por dia:

Sexta-feira (20): 13 mil 
Sábado (21): 25 mil
Domingo (22): 18 mil
Segunda-feira (23): 12 mil
Terça-feira (24): 30 mil 
Quarta-feira (25): 15 mil
Quinta-feira (26): 30 mil 
Sexta-feira (27): 25 mil
Sábado (27): 35 mil

ARTES CÊNICAS

Nove espetáculos circenses fizeram 10.360 crianças e adultos sorrirem no Parque Euclides Dourado. Até a sexta-feira (27), mais de 4.100 pessoas já tinham assistido a algum dos espetáculos de Teatro Adulto do FIG 2018; e 600 conferiram as peças de Teatro Infantil. A Mostra de Teatro Alternativo do FIG está consolidada na programação do Festival e, nesta edição, foi aplaudida por cerca de 900 pessoas. Intervenções de teatro de rua também chegaram às comunidades quilombolas do Castainho e de Estivas, comunidade do Magano, mercado e feiras públicas de Garanhuns, além do centro da cidade, animando a rotina do comércio local.

A dança também foi destaque da programação e ocupou dois palcos da cidade, o Teatro Luiz Souto Dourado, que acolheu 04 espetáculos assistidos por 505 pessoas; e o Salão Jaime Pinho (SESC), que recebeu a primeira Mostra de Dança Contemporânea do FIG, composta por 05 espetáculos conferidos por 520 pessoas.

ARTESANATO

Os 20 estandes de artesãos pernambucanos montados pela Secult-PE e Fundarpe no Armazém da Arte e Negócios registraram faturamento superior a 35 mil reais, através da venda de mais de 1.300 peças.  A comercialização nos 56 estandes montados pelo SEBRAE também foi intensa e o volume de negócios será divulgado nos próximos dias.

GALERIA GALPÃO

Mais 2 mil pessoas assinaram o livro de visitação da Galeria Galpão do FIG 2018. O polo das artes visuais, do design, da moda e da fotografia recebeu visitantes de diversos municípios pernambucanos; de estados brasileiros como Paraíba, São Paulo, Alagoas, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Distrito Federal, Santa Catarina, Sergipe, Acre, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul; e de países como Chile, Argentina e Estados Unidos.

Empreendimentos criativos que ocuparam a casa também comemoram o sucesso das vendas. As marcas integrantes do mercado criativo instalado no local registraram um valor aproximado de 15 mil reais em vendas. Serviços de barbearia e hair style renderam aos empreendedores um retorno financeiro de aproximadamente 2 mil reais em seis dias.

GASTRONOMIA

A Gastronomia se consolida na programação do FIG. O principal aspecto deste ano foi levar o público visitante a refletir a estreita conexão entre Gastronomia e Cultura. Os temas abordados foram amplamente aprofundados e aclamados pelos convidados e público em geral. Cerca de 700 pessoas visitaram o polo, que teve como destaques a cozinha show, vivência com as loiceiras e debates.


DEPOIMENTOS

Gonzaga de Garanhuns (Mestre de Reisado e Patrimônio Vivo de Pernambuco)
Eu tô muito feliz porque estou vendo o Reisado chegar a um lugar que eu sempre sonhei, porque hoje vejo que ele está sendo valorizado. Me apresentando em lugares como o FIG percebo que o Reisado já tá caindo na graça dos jovens e das crianças. Eu quero é a cultura para o povo garanhuense, amo me apresentar na minha cidade, onde só me apresento no FIG e no Natal. Este Festival de Inverno trouxe alegria para Garanhuns e para o nosso Agreste. Eu sempre vivo o festival e faço questão de participar, todos os anos, nas ruas. E vivi grandes experiências aqui! O Festival de Inverno de Garanhuns leva a nossa cultura ao conhecimento, não só do Estado de Pernambuco, mas também de todo o Brasil e do mundo!

Teresa França (Conselheira de Política Cultural do segmento Matriz Africana)  
A participação do Conselho Estadual de Política Cultural no FIG é inovadora. Essa foi a primeira vez que o Conselho, com  a máxima representação da Sociedade Civil, esteve presente aqui no Festival. Nós realizamos uma metodologia de pesquisa com os artistas da programação na qual montamos um protocolo com três grandes questões. Qual o significado do FIG para a cultura pernambucana? Como o Festival tem contribuÍdo para a consolidação das diversas agremiações e manifestações culturais? De que forma o Festival de Inverno de Garanhuns tem contribuído para materializar essa política cultural de Pernambuco? O FIG é um encontro grandioso, com diversas possibilidades culturais, e esse trabalho que desenvolvemos será sistematizado e entregue à Secult-PE e para a sociedade em geral. Quero destacar, por fim, o acolhimento e o respeito da organização deste Festival conosco. Fomos muito bem atendidos e aceitos porque fizemos um trabalho comprometido com a cultura pernambucana.

Vanessa da Mata (cantora)
Eu me sinto sempre muito bem aqui, do começo até o fim. Desde a chegada até o final. Eu sou apaixonada pelo Nordeste e sou apaixonada por Pernambuco, por toda essa libertação cultural, a continuidade da cultura de uma maneira mais forte.

Tiné (cantor)
O FIG é um festival referência em Pernambuco e no Brasil. Eu já tinha tocado aqui várias vezes com a Academia da Berlinda e com a Orquestra Contemporânea de Olinda, e poder chegar no festival pela primeira vez com o meu trabalho solo me deixa feliz demais. Eu sonhava com esse momento!

Tonfil (artista plástico e cantor)
O FIG e uma vitrine privilegiada para propagação local e nacional de trabalhos artísticos, pelo grande número de pessoas, artistas, e produtores de informação que circulam por aqui. É muito bacana expor o meu trabalho na Galeria Galpão, o “Memorial de Mãos Sem Memória”, que é uma tentativa de escrever de alguma forma um novo capítulo sobre a história social da cana de açúcar no Nordeste, uma história que privilegiou alguns atores e silenciou tantos outros.

Diogo Nogueira (cantor)
Aqui estamos no 28º Festival de Inverno de Garanhuns e acho que umas quatro ou cinco vezes tentaram me trazer pro FIG, e acabou não acontecendo. Mas felizmente dessa vez a gente conseguiu e eu estou muito feliz com o show porque o povo de Pernambuco me recebeu com muito carinho, cantaram todas as minhas músicas. Não sabia que aqui era tão reconhecido com meu trabalho. Agora eu espero voltar em breve e poder cantar e trazer mais alegria às pessoas desse estado e de Garanhuns.

Siba (cantor)
Eu fico muito feliz por ter participado do Festival de Inverno de Garanhuns este ano com a Fuloresta, apresentar os mestres e a cultura da Mata Norte. É muito emocionante fazer este show aqui, tocar num palco grande, na sua terra, em uma cidade que eu tenho família e que cresci aqui também. Então, são muitas emoções participar no Festival de Inverno de Garanhuns.

Isaar (cantora)
São 28 anos do Festival de Inverno de Garanhuns. Eu perdi as contas de quantos FIGs eu já fiz, seja com meu projeto solo ou com outras bandas... É muito bom sempre vir pro FIG. Eu acho super importante para a carreira da gente e até para a história do festival, que já fazemos parte. E, para mim, é uma honra sempre estar no Palco Dominguinhos, e voltar aqui com a Orquestra Santa Massa, que é um fusão de todos os nossos trabalhos. Aqui tem um público que está muito disposto a conhecer coisas novas. É muito raro encontrar um público como o do FIG!

Maciel Salu (cantor)
Eu sempre falo que o Festival de Inverno de Garanhuns é um festival democrático, onde você encontra todos os ritmos, seja aqui no Palco Mestre Dominguinhos, Som na Rural, Forró, tem música, tem dança, tem teatro... Então, pra gente tocar aqui é maravilhoso. É onde temos a oportunidade de mostrar a nossa música. É um lugar onde tem muita gente da cidade, gente que vem de fora para conhecer essa belíssima cidade. E ela está se destacando. A gente vai para vários palcos e está tudo sempre lotado, vários públicos e vários artistas mostrando seu trabalho. Em especial, o Palco da Cultura Popular, que tem dado cada vez mais espaço para os mestres da cultura popular mostrarem nossa cultura.

Jam da Silva (cantor)
É uma grande alegria estar participando do FIG. A gente roda o mundo todo, fazendo show em outros festivais, e esse público daqui é muito caloroso! É um público que só existe aqui e isso alimenta a gente que está lá em cima do palco tocando. Viva o FIG!

Bruno Albertim (jornalista e escritor)
Fiquei muito contente de trazer o lançamento desse livro (Tereza Costa Rêgo - Uma Mulher em Três Tempos) para Garanhuns. Eu adoro essa cidade e venho muito para cá como público e como repórter, então, é uma delícia trocar de lado do balcão: deixar de estar cobrindo para fazer parte também da programação oficial. Acho que o FIG é uma grande vitrine, porque ele sinaliza muita coisa. Nesse festival já vi muita coisa nova que está sendo pensada e arquitetada em matéria de cultura, tudo isso acaba pautando meus interesses artísticos ao longo do ano.

Daniela Mercury (cantora)
Pernambuco é um lugar realmente mágico e o FIG é um festival incrível com essa riqueza artística que o Estado já acolhe no Carnaval e acolhe também no inverno. Achei esse tema da liberdade essencial, porque não existe arte sem liberdade. A arte é uma forma da gente pensar com independência.

Xênia França (cantora)
Acho que Pernambuco é um dos Estados que mais tem uma movimentação de valorização da própria cultura. Isso é uma coisa impressionante em um país enorme como a gente tem. É um trabalho de raiz, por isso, acho importante vir pra cá e poder oferecer o meu trabalho, fazer parte disso e poder contribuir com a minha música para uma cultura tão rica como a que vejo aqui. Sempre ouvi falar no FIG, essa é minha primeira vez aqui e tô achando uma festa riquíssima. Desejo vida longa!

Filipe Catto (cantor)
Tenho uma relação muito viva com os artistas de Pernambuco, tenho muitos amigos da cena do Recife e acho que esse Estado tem uma cultura incrível. Tem uma relevância histórica para música, cinema e teatro. O show que fiz no Palco Pop, em 2014, foi um dos mais lindos da minha vida, nunca me senti tão abraçado pelo público. Foi um encontro de muito amor e hoje estou muito emocionado de estar de volta. Poder vir para esse palco sagrado em uma noite que fala de ser o que a gente é, com colegas de muita resistência, é um privilégio gigante.

Pedro Luís (cantor)
Eu acho incrível esse festival tão diverso e existindo com tanto vigor. É um exemplo para o Brasil seguir. Poder trazer uma homenagem a Luiz Melodia, que foi uma referência tão importante, em um palco desses, dividindo a noite com tanta gente boa, para mim, é um orgulho.

Gonzaga Leal (cantor)
É super importante trazer essa homenagem a Dalva de Oliveira para cá. Acho que é o máximo para qualquer artista. Eu me sinto muito agradecido de ter essa oportunidade de mostrar esse show aqui, porque é uma experiência muito rara.


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