A primeira providência foi deixar a música de Mano Walter mais "jovem" e menos regional. O morador de São Paulo tinha que se identificar com a letra, da mesma maneira que quem vive em Recife. Em pouco tempo, o resultado começou a aparecer no Nordeste. "Balada do Vaqueiro" e "Playboy Fazendeiro" estouraram localmente. Só que Mano queria, de fato, se tornar nacional, mas, para isso, ainda faltava um grande hit e, acredite, mudar o visual, a começar pela bota. O modelo que ele costumava usar, com estilo bem mais tradicional, foi trocado por um mais moderno. O chapéu de vaqueiro era outra peça que precisava ser mexida, mas como retirá-lo totalmente seria algo impossível, a opção foi fazer com que Mano ficasse 80% do tempo sem ele. Grande evolução. O chapéu, além de deixar o cantor mais velho, simboliza o homem do campo, e Mano queria conquistar o país todo, não apenas o interior.
Para atingir a projeção nacional, o melhor caminho parecia a boa e velha parceria. Mano gravou, então, com Marilia Mendonça, desconhecida na época. Mesmo assim não tinha como dar errado. E não deu. "O que houve?" chegou aos quatro cantos do país, mas ainda faltava um hit, uma explosão, que caísse nas graças do povo. E ele veio. A consagração nacional de Mano veio justamente com uma música que fala que o homem do campo não deixa seus costumes e hábitos à toa. Uma música que caía como uma luva para o agrônomo Mano, que ainda tem pós-graduação em segurança do trabalho, algo raro no meio da música.
Com a certeza de que aquela seria "a música", Pedro mandou Mano para o Rio para gravar um clipe em dois dias. No dia 30 de abril de 2017, foi lançado "Não deixo não", uma bomba atômica no mercado de forró. Em 24 horas, a música já superava um milhão de views. Pronto, era a certeza que Pedro precisava ter: "Mano, prepara que estourou", disse. Safadão, que parecia imbatível, foi superado por Mano e "Não deixo não" se tornou o clipe brasileiro mais visualizado na história do forró, com 370 milhões de views. Enfim, o Brasil sabia quem é Mano Walter.
Depois do hit nacional, era hora de reunir os amigos e gravar um DVD. O cenário foi o Credicard Hall de São Paulo, em outubro do ano passado, e Mano reuniu nada menos que Jorge, Claudia Leitte, Gustavo Mioto, Xand Avião e Maiara & Maraisa para a gravação. Do DVD, saíram dois novos hits: "Então vem cá" e "Fingindo maturidade", canções responsáveis por manter Mano o ano todo no Top 50 do Spotify, a plataforma de streaming que é, hoje, a principal referência para medir o sucesso de uma música.
Não faltava mais nada, correto? Errado! A simplicidade de Mano e sua música correta, sem deixar de lado a sua raiz do campo precisava ainda de uma consagração. Em 25 de setembro uma notícia inesperada - não pela qualidade do trabalho, mas pelo tempo de carreira - sacode as Alagoas de Mano. Ele entrou para a história como o primeiro cantor de forró a ser indicado ao Grammy Latino. E, para consagrar as realizações e o ano fantástico, com uma média de 22 shows por mês, Mano se apresenta hoje no Rio, no Espaço Hall, antigo Barra Music. É o show para ter a certeza de que Mano Walter é a prova viva de que a música brasileira nos surpreende a cada dia.
Fonte: UOL
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